O bom combate
“Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4
Duas informações muito importantes nessas dez palavras. Até onde nossa luta deve perseverar; e contra quem, ela se desenrola.
Tendo nós sido admitidos no Reino de Deus, e muitos ainda não, os que estão fora dele seriam nossos adversários. Não. Não são os não convertidos, os alvos frontais da nossa luta. A Eles devemos anunciar as boas novas do Reino, o convite do Rei.
Afinal, “… somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos vos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cor 5;20
Nossa luta se dá contra uma rebelde infiltrada em nós, que, em todo o tempo milita para nos levar a atuar de modo contrário ao espírito; a carne. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7
Paulo lembra aos romanos dum tempo em que viviam descompromissados em relação a Deus; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 Depois, inquiriu acerca dos resultados daquela “liberdade”; “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” V 21
Uma liberdade cujo exercício nela enseja vergonha a quem se converte, não é liberdade; é servidão ao pecado.
Se, somos chamados à santificação, e a carne milita contra, em demanda dos seus prazeres adoecidos e mortais, pelo seu consórcio com o pecado, nossa luta para permanecermos probos no Reino de Jesus Cristo é contra o pecado que nela milita. Então, “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gl 5;24 Eis a cruz, que cabe a cada servo do Rei.
Sei que estou dizendo o óbvio; todavia, mesmo esse, às vezes precisa ser dito. Pois, muitos resolveram estender fileiras para outras batalhas, fazendo de coisas periféricas o alvo dos seus combates.
O problema de se pelejar contra instituições, invés de se fazer contra o pecado, é que, eventuais erros históricos das instituições defendidas serão nos lançados em rosto e teremos que lidar com coisas que não fizemos, tampouco, endossamos. Ensinos de Lutero, dos Papas, Ellen White, Alan Kardec, são deles. A Palavra endossa uns, refuta outros.
Não que os apologistas idôneos não sejam relevantes, necessários. O risco do qual advirto é vermos demais, erros alhures, enquanto nos tornamos míopes acerca dos nossos. Meras rivalidades e disputas em prol da primazia disso, ou daquilo, ao estilo da política e das competições esportivas, são negócios dessa vida; reflexos de inclinações carnais. Paulo advertiu: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4
Ao mesmo Timóteo, dissera: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto salvarás, tanto a ti mesmo, quanto, aos que te ouvem.” I Tim 4;16
Quem luta contra o pecado, tem “apenas” a Palavra de Deus como tribunal de apelação, sem precisar, eventualmente, responder pelas escolhas de terceiros. Aliás, é a própria Palavra que responsabiliza cada um, em particular. “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12
Além de lutarmos contra o pecado, devemos fazer isso “até o sangue”. Isto é; preservar a fidelidade mesmo que isso nos custe a vida. Paulo deu seu brado de vitória; “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7
Disse isso na iminência de ser martirizado em Roma, por causa da sua fé. Guardou-a ao preço de sangue; custou-lhe a vida e ele perseverou até o fim.
A transição de um reino para outro não costuma ser sempre pacífica. As hostes espirituais da maldade, a potestades das trevas fazem tudo para dissuadir aos que creem; por isso, sermos versados na Palavra da vida, é indispensável, mais que pelejarmos por incidentes na história da Igreja.
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10;4 a 6
Se, a autoridade moral para pleitearmos pela obediência alheia requer que primeiro sejamos obedientes, temos aqui, nosso mais sábio campo de batalha. “… assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;26 e 27
Compartilhe este conteúdo:
Publicar comentário