Hipocrisia agendada
luzes camuflando trevas
Uma gangue de vadios ganhou indulto,
e então as ruas se encheram de bosta;
a novela mostrou gângsters num culto,
sem nenhum pudor, o pessoal mostra;
a máfia na festa, champanhe, de vulto,
salute, bambini, natale é cosa nostra;
frutas escolhiam suas cascas com arte,
e entravam na noite buscando o “peru”,
promíscuos desfilando por toda a parte,
viçando mais que um ordinário chuchu,
só quem fica vermelho. é o velho Marte,
Adão já não se importa, porque está nu;
é proibido proibir, tudo vale pra ser feliz,
como valoram ser ébrio, inconsequente;
cada qual, após comer o prato que quis,
dorme durante o dia, seu sono “inocente”
assim que o corpo aprumar, vai pedir bis,
porco faminto rumará ao lixo, novamente;
o afã de chegar a esse “estado de graça”
vemos distante, nu’a correria apressada;
morte arma arapucas onde a turba passa,
a cada momento, uma acaba desarmada,
ela sorri satisfeita contemplando sua caça,
alguns aliens choram, no avesso da risada;
quiçá alegria espontânea nos surpreenda,
aí sim, será uma alegria plena, de verdade;
precisa pensar para que a isso se entenda,
pensar, é para quem já não tem vitalidade;
essa “alegria” datada, marcada na agenda,
não comparece, apenas envia a falsidade;
claro que vale muito, boa mesa e a família,
somente um beócio e insano, diria que não;
mas é o potro do individualismo que encilha,
a vasta maioria de nossa dispersa geração,
uma vez por ano, a sede faz lembrar a bilha,
antiga regra, agora tornou-se uma exceção;
Desculpem, se, minha a alma está inquieta,
c’o insosso “feliz natal”, avesso, não assino;
usar pretexto espiritual, co’uma outra meta,
é devanear que o Senhor permanece menino;
ele disse, que edificar túmulos de profetas,
é como identificar-se com seus assassinos…
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