O Evangelho Artificial
O risco de um Evangelho sem O Espírito.
“Mas o rei disse a Araúna: Não! antes te comprarei pelo seu valor, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada…” II Sam 24;24
O terreno, animais para o sacrifício, foram oferecidos gratuitamente ao rei Davi, porém ele não quis. Disse que se recusava a “fazer cortesia com a cartola alheia”. Ou, oferecer a Deus coisas que nada lhe custaram.
Pois, com o advento da IA, qualquer beócio pode “produzir” um texto com esmerada correção; qualquer ímpio, acenar com uma fé que desconhece; um devasso, aparentar santidade, da qual, jamais se aproximou. O risco de alguém encenar com vestes alugadas é muito grande.
Claro que, as flores de plástico têm suas “vantagens”! Não carecem ser regadas, suas folhas jamais secam, as pétalas não caem. Entretanto, são um simulacro sem vida, sem as transformações que aprazem a quem gosta de flores.
Por certo as mensagens produzidas por cada um, conforme do dom do Espírito Santo recebido, e o aprendizado assimilado, são eivadas de imperfeições, nem sempre com um vernáculo mui rico, pontuação correta; sequer, interpretação rigidamente ortodoxa dos textos.
Entretanto, atrevo-me a dizer que, malgrado essas “folhas secas”, O Eterno se apraz nesses, não, nos farsantes que encenam grandezas, com um “dom” herdado da Árvore da Ciência”, porque, alienados do Árvore da Vida.
Davi, diante das opções do momento repetiria o que disse então: “Não oferecerei ao Senhor, sacrifícios que não me custem nada.”
O maior de todos os embates nos dias do Salvador foi contra a hipocrisia. O que é essa, senão, a aparência da virtude tentando camuflar a escolha pelos vícios? Pois, a IA, embora seus benefícios em muitas áreas, se for usada também para esboçar sermões, escrevê-los, estará invadindo uma área que não lhe pertence.
Ao longo dos séculos perseverou a noção de rivalidade entre a fé e a ciência, embora, a rigor, não exista; como disse Pascal: “Um pouco de ciência afasta o homem de Deus; um muito de ciência aproxima-o.”
Paulo também fez distinção entre a “ciência” que se opõe ao Criador como sendo falsa. “Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e profanas e as oposições da falsamente chamada ciência; a qual, professando alguns, se desviaram da fé…” I Tim 6;20 e 21
Apesar de não haver objeções entre a vera ciência e O Eterno, a difusão da Sua Doutrina, e a persuasão das almas à fé, é trabalho do Espírito Santo; é pois, obra espiritual, não artificial. “Quando Ele vier, (O Espírito Santo) convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque vou para Meu Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” Jo 16;8 a 11
Qual o programa de IA que consegue fazer essas coisas? As facilidades indevidas, numa área onde O Criador forja a têmpera das almas, operam em sentido deletério. A aquilo que não tem custo, fatalmente, não tem valor.
Como alguém pretenderia servir ao “Pai dos Espíritos”, ofertando a Ele plágios intelectuais, como se fossem manjares espirituais? Aquele que sonda aos corações não saberia a diferença? “Pode se comer sem sal o que é insípido? Ou há gosto na clara do ovo?” Jó 6;6
Nem natural nem artificial, o predicado primeiro que O Eterno anseia encontrar em nós não é inteligência; antes, integridade, fidelidade. “Meus olhos estão sobre os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda no caminho perfeito, esse Me servirá.” Sal 101;6
Se, mensagens artificiais podem parecer mais corretas, precisas, que as espirituais, como saber a diferença? Eis uma boa pergunta!
Na Parábola das dez virgens, as que foram reputadas loucas o foram pela falta de azeite para suas lâmpadas, no meio da noite. Símbolo inequívoco do Espírito Santo. Muitos pentecostais equacionam isso com profecias, dom de línguas; não. O mais precioso do Espírito em nós é o discernimento.
É por causa dessas filigranas com as quais o engano desfilará, que “enganaria até aos escolhidos, se possível fosse.” Mat 24;24 Só não será possível aos que estiverem Nele, guardados.
Por isso, devemos ter “azeite” no meio da escuridão que grassa. Isto é, O Espírito Santo que empresta discernimento aos Seus hospedeiros para que não sejam enganados.
Paulo explica: “… falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido.” I Cor 2;13 a 15
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