Os insensatos
fome espiritual
“Deixai a insensatez, e vivei; andai pelo caminho do entendimento.” Prov 9;6
Em geral, as coisas espirituais são tidas como certo misticismo, quando não, fanatismo cego, de gente que, por não ter os pés no chão, se deixa levar, nas asas dos devaneios.
Os sensatos seriam os práticos, que lidam apenas com as coisas palpáveis, oferecendo endosso irrestrito, às “descobertas da ciência”.
Tal estado de coisas não deriva de lapsos no caminho da fé, como se, esse fosse incongruente; aos homens de bom siso seria prudente evitar. Antes, são produtos dos que temem crer, e fomentam tais camuflagens.
Sempre oportuno lembrar um dito de Pascal: “Um pouco de ciência afasta aos homens de Deus; um muito, aproxima.”
O provérbio inicial veio do mais sábio dentre todos os homens, Salomão. Chama ao entendimento espiritual, e valora-o como “deixar a insensatez.”
Paulo andou pelas mesmas pisadas. “Portanto, vede diligentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus. Por isso, não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor.” Ef 5;15 a 17
Se, o apóstolo não foi reputado um sábio, como Salomão, tampouco, era um beócio desinformado. Fora o mais veemente opositor do Evangelho, antes de ser iluminado pelo Salvador.
Escreveu grande parte do Novo Testamento, pois, tinha refinada cultura, sobre as Sagradas Escrituras; inclusive, cultura filosófica. Foi ele que lançou ousado desafio entre os pretensos luminares intelectuais daqueles dias: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, aniquilarei a sabedoria, o entendimento dos entendidos. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca, a sabedoria deste mundo?” I Cor 1;18 a 20
Sendo o homem constituído tal qual é, corpo, alma e espírito, o que seria mais sensato que cada aspecto tivesse o devido cuidado? Todos estão prontos aos clamores do corpo, sem carecer nenhum estímulo mais, que os que o próprio, oferece.
Anseios da alma, respeitam a apreciação do belo, ao cultivo dos afetos naturais, interação social… a arte, os relacionamentos, costumam encaixar bem, nesse nicho.
Quando as criações de má qualidade mostram vigoroso consumo, isso retrata, inevitavelmente, a existência de muitas almas incultas, rasteiras, com paladares estragados. Tal lapso explica o “sucesso” de tantas coisas ruins.
Por fim, o descuido com a vida espiritual, além de deixar o espírito humano em forçada abstinência, tende a levar o homem a colocar nas “prateleiras” do corpo da alma, coisas que são apropriadas a ele.
Essa má ordenação do ser, sobrecarrega dois aspectos e deixa um, vazio.
Por exemplo: Inquietação do espírito humano “morto” alienado do Criador, eventualmente palpitam desejando que seu hospedeiro entenda sua fome. Esse, incapaz de discernir, “preenche” o espaço com vícios, promiscuidade, e descaminhos afins.
O corpo e a alma de tal cego, recebem o que nem precisam, e o espírito continua vazio.
Por isso, a “racionalidade” aconselhada por Paulo, preceitua abstinência dos exageros do corpo e da alma, para a devida atenção ao espírito, cuja “alimentação” alinha-se ao Divino querer; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2
As “razões” do mundo alienado do Criador, a rigor, derivam de uma fuga que insiste em negar que a fé tenha razão.
Os simples sobressaltos dos que, vivendo na impiedade acusando um desconforto de “não caber na bainha”, também são testemunhos de quem sonega as necessidades espirituais, e acredita poder resolver as coisas meramente no escopo dos sentidos naturais. “Os ímpios são como o mar agitado; pois, não pode estar quieto; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21
Por outro lado, O Salvador desafiou aos que tinham uma dúvida honesta acerca dos Seus Ensinos a “pagar para ver” dirimindo eventuais dúvidas na experiência espiritual vivida; “Respondeu-lhes Jesus: A Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é Dele, ou se falo por Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17
Enfim, a fé está “cheia de razão”, mas os “racionais” sabem no que implica andar nela, e preferem se manter distantes. Como disse Platão, “É normal as crianças terem medo do escuro; o trágico são os adultos com medo da luz.”
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